ROUPAS E CALÇADOS

Calor no inverno pode provocar rombo de R$50 mi no comércio

Por | da Redação
| Tempo de leitura: 2 min
Reprodução/Prefeitura de Cuiabá/Imagem ilustrativa
Alta das temperaturas, crédito caro e inflação ameaçam o varejo na estação que antes era sinônimo de lucro.
Alta das temperaturas, crédito caro e inflação ameaçam o varejo na estação que antes era sinônimo de lucro.

O tradicional impulso de vendas provocado pela chegada do frio deve esfriar em 2025. Segundo projeção da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o varejo brasileiro pode perder cerca de R$ 50 milhões neste inverno em comparação ao ano ado, puxado pelo calor fora de época.

Leia mais: Vendas no comércio fecham 2024 com a maior alta desde 2012

A previsão climática aponta temperaturas até 2°C acima da média histórica no país entre maio e agosto, especialmente nas regiões Sul e Sudeste, justamente as que mais consomem roupas de inverno. O cenário é influenciado pela permanência do El Niño e pelo avanço do aquecimento global, que vêm transformando o padrão climático no Brasil.

Com isso, os consumidores devem reduzir a procura por peças como casacos, botas e órios típicos da estação. A CNC estima uma movimentação de R$ 90,3 bilhões no setor de vestuário neste inverno, dos quais apenas R$ 9,09 bilhões teriam relação direta com a queda das temperaturas -- cifra inferior aos R$ 9,14 bilhões de 2024.

Para o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros, a combinação de clima ameno, inflação persistente e restrição ao crédito forma um “coquetel adverso” para o comércio. “O setor enfrenta um cenário desafiador, que exige mais adaptação e planejamento diante de um consumidor cauteloso e um ambiente de negócios incerto”, afirma.

Embora a inflação no setor de vestuário esteja projetada em 4% — abaixo da média nacional de 5,5% — o avanço de preços, o juro elevado e o endividamento das famílias, que compromete mais de 50% da renda, mantêm o freio de mão puxado nas compras.

O economista da CNC Fabio Bentes alerta que o varejo precisa se adaptar à nova realidade climática: “O frio já não é mais garantido, o que exige mudanças nas estratégias de estoque, marketing e calendário promocional”.

Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), os invernos brasileiros vêm se tornando mais quentes desde 2014, com média de 21,5°C. A tendência, ao que tudo indica, deve continuar. E, com ela, o esfriamento das vendas no varejo.

Comentários

Comentários